Pesquisadores se reúnem na UFBA para debater o maior surto de febre amarela desde os anos 1980

O seminário “Febre Amarela: Situação Atual e Dificuldades de Controle” é promovido pelo ISC em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva com o apoio da Reitoria

Por Kelven Figueiredo

Devido ao atual surto de febre amarela silvestre no Brasil, fato que não se registrava há algum tempo e, por isso,  tem chamado a atenção do governo, de profissionais de saúde pública e também da sociedade. Para debater este assunto, especialistas com renome nacional se reunirão no auditório do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFBA, no próximo dia 07/04 (sexta-feira), às 9h, para o seminário “Febre Amarela: Situação Atual e Dificuldades de Controle”. O evento é promovido pelo ISC, com apoio da Reitoria, e pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O debate contará com transmissão ao vivo através do link.

Estarão presentes no seminário o pesquisador Eduardo Hage, do Instituto Sul Americano de Saúde de Governo em Saúde (Isags), que abordará a “Situação atual” da doença; Pedro Luis Tauil, da Universidade de Brasília, que discutirá  os “Aspectos críticos do controle e risco de reurbanização”; Pedro Fernando Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas (do Pará, ligado ao Ministério da Saúde) que tratará da “Definição de áreas de risco: Vigilância de Epizootias e Diagnóstico Laboratorial”; e Reinaldo de Menezes Martins, do Biomanguinhos/Fiocruz-RJ, falará sobre a “Vacina 17D: Perspectiva de Redução de Efeitos Adversos Graves”.

O assunto chamou a atenção dos organizadores do seminário uma vez que os números da doença têm crescido drasticamente em todo país. Segundo o Ministério da Saúde (MS), entre dezembro do ano passado e meados do mês de março, pelo menos 162 pessoas morreram vítimas de febre amarela no país. Já foram confirmados 492 casos da doença e outras 1101 notificações estão sendo apuradas. 339 municípios de 17 estados das cinco regiões registraram nesse período 2104 notificações de casos suspeitos da doença, 23,4% das suspeitas já foram confirmadas até agora, o que levou o Ministério a enviar 18,88 milhões de doses de vacina para serem aplicadas nos municípios considerados de risco.

A coordenadora do seminário, professora e pesquisadora do ISC Maria da Glória Teixeira afirma que este  “é o maior surto de febre amarela no país desde os anos 1980”. Ela esclarece, contudo, que este não se trata de um surto urbano da doença, o que torna a situação mais delicada, do ponto de vista epidemiológico, já que trata-se de um surto chamado “surto silvestre”, que se dá em áreas de floresta, que tem como principais vítimas os macacos. Os dados do MS apontam 387 casos confirmados de febre amarela em macacos  e outros 432 em investigação em todo o Brasil.

Entre as áreas com maior número de vítimas estão as regiões norte e leste de Minas Gerais com 375 casos confirmados e 197 mortes, o centro-sul do Espírito Santo com 109 confirmações e 57 mortes. Dez pessoas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo também morreram vítimas da doença.

Aqui na Bahia, 22 casos foram notificados em 15 municípios, mas até agora nenhum foi confirmado: 11 foram descartados, outros 11 seguem em investigação. No dia 29/03, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que foram encontrados quatro macacos mortos por febre amarela em Salvador, nos bairros da Vila Laura, Paripe e Itaigara. O fato levou a Sesab a intensificar a vacinação contra a doença, disponibilizando 2 milhões de doses.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *