Documentário premiado que discute o genocídio indígena será exibido no Cinema da UFBA

Em seguida será realizado um debate com personalidades ligadas ao tema, incluindo o diretor do filme

Por: Glenda Dantas

A sessão de abril do Cinemas em Rede, que acontece na próxima quinta-feira (19), às 18h no Cinema da UFBA, exibe Martírio, premiado documentário do cineasta e indigenista Vincent Carelli. A exibição será seguida de um debate com personalidades ligadas ao tema, incluindo o diretor do filme. O longa-metragem apresenta o testemunho e a memória de mais de um século de massacres e da omissão do Estado brasileiro frente ao genocídio em curso no Mato Grosso do Sul. 

Utilizando arquivos históricos e de imagens produzidas por Carelli junto aos Kaiowá ao longo de 10 anos, o filme busca construir uma nova história, remontando às origens das políticas indígenas do Estado desde a Guerra do Paraguai. Além de abordar os sucessivos projetos de integração dos índios ao sistema de trabalho e o massacre forjado pelo agronegócio e a bancada ruralista nos tempos atuais.

Martírio se apresenta como um testemunho. Narrado em primeira pessoa, o filme traz a memória afetiva e de militância do diretor junto aos Guarani e Kaiowá, que a partir de seus próprios relatos revelam a luta política, a resistência espiritual e a profunda ligação com a terra à qual pertencem. Um dos objetivos do filme é chamar a sociedade à responsabilidade e ao enfrentamento.

O filme tem ganhado repercussão no circuito cinematográfico, destacando-se no Festival de Brasília em 2016, onde ganhou o prêmio do público de Melhor Filme de longa-metragem e o Prêmio Especial do Júri Oficial.

Cinemas em Rede é fruto do Rede de Cinemas Digitais, projeto que interconecta diversos cinemas universitários pelo país através da rede acadêmica, desenvolvido pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em parceria com o Ministério da Cultura (MinC).

Sobre Vincent Carelli – Cineasta e indigenista, fundou, em 1986, o Vídeo nas Aldeias, projeto que apoia as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais por meio de recursos audiovisuais. Desde então, produziu uma série de 16 documentários sobre os métodos e resultados deste trabalho, que têm sido exibidos por televisões públicas em todo o mundo. A Arca dos Zo’é (1993), um de seus primeiros filmes, foi premiado em diversos festivais, entre eles o 16º Tokyo Video Festival e o Cinéma du Réel. 

Em 2009, Carelli lança Corumbiara, grande vencedor do 37o Festival de Gramado, sobre o massacre de índios isolados em Rondônia, primeiro filme de uma trilogia em desenvolvimento que traz seu testemunho de casos emblemáticos vividos em 40 anos de indigenismo no Brasil. Martírio é o segundo filme desta série que se encerra com a realização do longa metragem Adeus Capitão, trabalho em fase de desenvolvimento.

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