Em reabertura, Sala de Arte da UFBA admite esperança de retomada do crescimento do público

Cinema ainda enfrenta dificuldades geradas pela pandemia de Covid-19

Por: Maria de Moura

 

“A gente achou que nunca iria reabrir”. É como Suzana Argollo, diretora do Circuito Sala de Arte, descreve o período de pandemia para o grupo responsável pelo cinema da UFBA e outros três cinemas em Salvador.

No entanto, após três anos de portas fechadas por conta da pandemia de Covid-19, que afetou quase todas as salas de cinema do mundo, o cinema Sala de Arte da Universidade Federal da Bahia (UFBA) reabriu suas portas para o público no dia 29 de março. 

Mudança de hábitos impacta o cinema

Um dos principais desafios que os cinemas enfrentaram nos últimos anos é a diminuição do público. Em 2022, mesmo batendo recorde de público desde o início da pandemia, o setor apresentou queda de 46,5% no público e de 35,4% na renda total em comparação com 2019, segundo dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Ainda após a reabertura das salas de cinema, muitas pessoas continuaram evitando espaços fechados, o que reduziu significativamente a frequência de espectadores nos cinemas.

No entanto, Suzana defende que essa não é a melhor explicação para o fenômeno. Segundo ela, existe uma mudança de hábitos do público que impacta não apenas a Sala de Arte, mas todo o setor.

“Agora [a queda no público] não é só por precaução. As pessoas não têm receio de retornar para esse espaço fechado. Agora a gente vê que tem, sim, uma mudança de hábito. E cinema é muito hábito”, defendeu a diretora.

No entanto, seguindo a tendência de 82% de crescimento entre 2021 e 2022, o cinema da UFBA enxerga otimismo nesta retomada. “Esperamos que realmente a gente consiga chegar a números que tínhamos antes da pandemia. Aumentamos bastante os nossos seguidores nas redes sociais e o engajamento nas redes”, comenta Suzana.

Para Wallace (38), frequentador assíduo do cinema, os valores populares praticados pela Sala e os filmes exibidos são alguns dos principais fatores que o fazia estar semanalmente em frente às telas. 

“Eram exibidos filmes de diversas origens e países. Você tinha a oportunidade de ver um pouco do cinema do mundo. Outra coisa que me oportunizou a ir eram os preços, pois estudantes da UFBA tinham desconto”, relata o coordenador pedagógico.

Quem também frequentava a Sala de Arte da UFBA e era motivado pelos filmes em cartaz era Vanderlei Souza (43). Para o analista de sistemas, o cinema da universidade era um espaço para assistir filmes fora do circuito tradicional.

“Era um ótimo lugar para quem gosta de cinema e não quer ficar restrito aos filmes mais famosos. Sempre que tinha um filme do meu interesse, eu ia para diversificar os filmes que eu assistia. Sem a Sala de Arte, eu nem chegaria a assistir alguns filmes, por não estarem disponíveis em streamings ou em cinemas tradicionais”, explica Vanderlei.

Pandemia: o fim de tudo?

Se impacta o consumo, inevitavelmente impacta o caixa. O endividamento fez com que a instituição demitisse 26 funcionários para segurar as pontas.

Esse cenário de crise econômica, que afetou parte das empresas e famílias brasileiras, colocou a Sala de Arte em momentos de grandes medos e incertezas. “Imaginamos que a gente não conseguisse mais reabrir o cinema. Que a gente não ia ter dinheiro pra reabrir. Tinha muita dívida e sem dinheiro pra fazer todas as manutenções.”

UFBA: o último cinema a reabrir

Primeiro, o Museu de Arte Moderna. Depois, o Paseo Itaigara e, em 2022, o Museu Geológico. Dessa forma, o cinema da UFBA, situado no Vale do Canela, foi o último do circuito a reabrir. Funcionando desde o dia 29 de março, o espaço passou por desafios até a reabertura, entre restrições sanitárias da própria universidade e problemas de manutenção.

À Agenda, a diretora do circuito contou que o cinema precisou de reformas por conta de estragos causados por infiltração em razão das fortes chuvas que ocorreram durante a pandemia.

Cinema volta com programação diária e ingressos a R$ 5

A Sala de Arte da UFBA conta com sessões diárias de filmes externos e de produção da universidade. Os ingressos vão de R$ 12 (meia) e R$ 24 (inteira) à R$ 17 (meia) e R$ 34 (inteira). Para estudantes e funcionários, as sessões variam entre R$ 5 e R$ 9.  A programação está disponível no site do Circuito Sala de Arte. Além disso, o cinema oferece estacionamento gratuito para os espectadores no PAC (Pavilhão de Aulas do Canela).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *