Oficinas musicais dialogam com a memória da UFBA
Por Adriana Santana
A Ocupação Verde na UFBA é um evento que reúne intervenções ambientais e artísticas no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia. Proposto pelo Organismo, coletivo ambientalista fundado em 2001, o evento realizou sua última edição no dia 1º de junho, mas continua a executar outras ações de forma periódica. Ações que integram a preocupação ambiental e a criação musical são desenvolvidas pelo grupo cultural Mata Inteira, formado por estudantes da UFBA.
O evento surge da articulação do coletivo Organismo com outros grupos que visam estabelecer ações em espaços verdes, com finalidade ecológica, educativa e social. A programação do último encontro contou com o plantio de mudas florestais, oficinas de percussão e reciclagem, intervenções poéticas e musicais.
O grupo cultural Mata Inteira, um dos realizadores das intervenções, organiza oficinas de musicalidade afro percussiva semanalmente na área verde localizada atrás da Escola de Dança. As oficinas são realizadas às sextas-feiras desde 2005 e não obedecem ao calendário acadêmico da UFBA, mas à iniciativa do grupo. “Elas atingem um público variado, desde populares advindos de diversos lugares, músicos, povos de terreiro, até universitários, servidores e professores”, afirma George Diniz, integrante do grupo. O coletivo pretende ampliar a sua atuação, desenvolvendo atividades destinadas ao público infantil e destinadas à literatura, com recitais e performances poéticas.
O grupo cultural Mata Inteira mantem relação com a história da universidade e com a comunidade em seu entorno. Foi formado a partir da iniciativa de Ivan Machado, um dos mais antigos moradores da área, hoje pertencente ao campus da UFBA em Ondina, onde se localizava o Parque de Exposições Garcia d’Ávila. Seu pai ajudou a formar a Escola de Veterinária, graças ao seu trabalho realizado no antigo Parque de Exposições e no Parque Zoobotânico de Salvador. Portanto, “para o mestre Ivan, a localização das aulas percussivas naquele espaço possuía uma conotação profundamente pessoal e afetiva”, explica Diniz.
Ivan Machado possui uma atuação relevante na percussão, tendo participado de concursos e festivais em diversos países. Estas apresentações aconteciam em conjunto com integrantes da Escola de Dança e tinham como objetivo difundir a cultura afro-brasileira. Falecido em abril de 2012, Machado encontra no coletivo Mata Inteira a oportunidade de continuar difundindo seu conhecimento. O grupo já realizou apresentações em diversos institutos da UFBA, além de ter participado da Mostra Osso Latino-Americana e do calendário cultural das bibliotecas públicas do estado (Biblioteca Pública do Estado da Bahia, Biblioteca Juracy Magalhães Jr., entre outras). Desenvolveu ainda projetos percussivos nas comunidades da Federação e Alto da Sereia, próximas à universidade.
