#Enecult: “O ódio tem invadido o espaço público”, diz pesquisador em segurança pública

Abertura da 15ª edição do Enecult debateu as formas 

Por Noédson Santos

Com um tom bastante político e engajado, o Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult) teve uma abertura potente e instigante. Este ano, o evento completou 15 anos de existência e se manteve como uma das mais relevantes reuniões do campo da cultura no Brasil.

A abertura contou com a participação da artista Luzia Amélia que realizou a performance “banho de sangue”. Segundo a artista, seu “desafio é dançar banhada em sangue para ir de encontro à barbárie sobre os corpos das minorias no Brasil”.

(Foto: Marco Correia)
(Foto: Marco Correia)

Na abertura do evento, o professor Paulo Miguez, reitor em exercício, afirmou que diante da produção de novos discursos de ódio no Brasil, os desafios impostos à Universidade têm sido cada vez mais extenuantes. Porém, destacou que “a Universidade nunca teve tempo fácil, é uma instituição que teve que provar todos os dias a sua importância”.

A abertura do Enecult ainda contou com a presença do professor Luiz Eduardo Soares, que é escritor, dramaturgo, mestre em antropologia, doutor em ciência política e pós-doutor em Filosofia Política. Sua palestra teve como título: “Política como experiência: ódio e as linguagens da intensidade”.

(Foto: Dan Figliuolo)
(Foto: Dan Figliuolo)

De acordo com Luiz Eduardo, “o ódio tem invadido o espaço público, inviabilizando qualquer interlocução dialógica e democrática”. Por isso, durante a palestra, ele destacou que há uma arquitetura institucional que beneficia esse movimento de ódio: ditaduras, desrespeito à luta do povo, exclusão de diálogo e uma falta de reforço à democracia.

Soares também apresentou dados sobre a segurança pública no país. “Em 2017 tivemos 65 mil homicídios dolosos, desses, um número reduzido será objeto de investigação, ou será investigado com algum êxito. A taxa de esclarecimento de sobre essas mortes é irrisória. O que é absurdo! Balbúrdia é o que vive a segurança pública no Brasil, é o que vivem as instituições policiais no país”.

Durante as discussões sobre a cultura do ódio no Brasil, alguns indicadores ganham força dentro da análise do professor Luiz, um deles é o individualismo. Que segundo ele “está na ponta do capitalismo e tem se exacerbado, na medida em que, o capitalismo radicaliza os seus pressupostos e os repõe de forma ampliada e crescente a era do capital financeiro”. O que dá condições materiais para a ampliação das desigualdades e violações de direitos humanos na modernidade.

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