De quais lugares da cidade mais sentimos falta?

A Agenda mostra, em gráfico, de quais lugares de Salvador, os jovens relataram sentir saudades

Luana Lisboa*

Brasil afora, enquanto os infectados por Covid-19 ultrapassam o 1,6 milhão, metrópoles como Rio e São Paulo flexibilizam a abertura de bares e praias. Os cariocas lotaram os estabelecimentos. Os paulistas já não colaboraram tanto. O fato é que Salvador, até então, tem tentado o caminho contrário. Governos da cidade e estado anunciaram essa semana planos de abertura do comércio, entretanto, sem datas definidas. A ideia do lockdown, segundo o prefeito, também não foi descartada. Seguro mesmo é ficar em casa enquanto a vacina não chega. Nos resta sentir saudades das aglomerações e nos lembrarmos dos lugares que as permitiram acontecer.

Para um tbt saudoso, a Agenda ouviu 92 jovens, de faixa etária entre 17 e 25 anos, sobre os lugares de Salvador que mais sentem falta de frequentar durante o isolamento.

Praias (39,1%)
Praia do Porto

Sem muita surpresa, as praias lideram a lista. A mais lembrada: Praia do Porto da Barra, com menções honrosas para Praia de Jaguaribe e Buracão, no Rio Vermelho.

(foto: divulgação)
(foto: divulgação)

Com sua pequena extensão de areia, a Praia do Porto costumava lotar nos fins de semana pré-pandemia. Não é para menos: sua enseada de ondas calmas e as águas de temperatura agradável eram ideais para banhistas de todas as idades. Banhada pela Baía de Todos os Santos, sua vista é ainda favorecida pelo Forte de Santa Maria, erguido pelos espanhóis da Dinastia Filipina, quando Portugal estava sob domínio da Espanha, em meados do século XVII. Hoje, o Forte abriga a exposição do fotógrafo Pierre Verger e estava, até a pandemia, aberto à visitação pública.

O Porto da Barra foi também onde desembarcou Tomé de Souza, primeiro Governador-Geral do Brasil, em 1549. Em sua homenagem, no local onde teria desembarcado, há o monumento Marco de Fundação, à direita da praia.

Cinema (14,1%)
E quem não sente falta do escurinho do cinema? Dentre eles, o Espaço Glauber Rocha foi o mais citado pelos jovens que participaram da enquete.

(foto: divulgação)
(foto: divulgação)

Localizado no Centro da cidade, em frente à praça Castro Alves, o lugar é ideal para uma tarde tranquila em Salvador. Foi inaugurado em 1919, com o nome de Kursaal Baiano, já se chamou Cine Guarani e, em 1981, foi renomeado para Cine Glauber. Fechou as portas em 1998 e só voltou a abrir 10 anos depois, com o nome de Espaço Itaú de Cinema. Lá, dá para assistir um filme, do blockbuster hollywoodiano até um independente baiano, passear pela livraria LDM e ainda ver o sol se pôr no terraço do local, com vista para o Forte São Marcelo. Alguns ainda afirmaram o costume de terminar a noite de forma mais agitada, no Pelourinho, há cerca de 800m do Espaço.

Bares e Botecos (11,9%)
Dentre os bares, o mais citado foi o Bar Sol Brilhante, popularmente conhecido como Bar das Putas. Um pouco atrás ficaram o Espetinho do Guga, também na Barra, e o Velho Espanha, nos Barris.

Bar Sol Brilhante

Há 500m do Farol da Barra, o bar é popular graças à sua localização e preços favoráveis ao bolso do jovem universitário. Embora as avaliações de atendimento sejam mistas, era comum ver o local sempre bem movimentado. Não deixa de ser um dos ambientes mais saudosos para os jovens durante a pandemia.

A noite no Rio Vermelho (6,5%)
O histórico bairro é famoso pelos festejos de Iemanjá em fevereiro, por ter sido casa dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, e, nas últimos décadas, pela vida noturna agitada que acolhe. Com seus barzinhos e mesas nas ruas, barracas de acarajé, música ao vivo e suas casas de festa, não deixaria de ser um dos mais mencionados.

(foto: riita barreto/bahiatursa)
(foto: riita barreto/bahiatursa)

Nos Largo de Santanna e da Mariquita, os acarajés de Dinha, Regina e Cira costumavam reunir turistas e soteropolitanos. Restaurantes e quiosques também tem espaço na Praça do Caramuru, antes conhecida como Mercado do Peixe e inaugurada em 2016. Já as casas noturnas mais conhecidas e lembradas na pesquisa foram o 30 Segundos Bar, a Amsterdam, Commons e Portela Café. Em direção à Praia da Paciência, mais próximo do bairro de Ondina, o Chupito Bar e o mexicano Cien Fuegos lotavam nos fins de semana.

Farol da Barra (6,5%)

(foto: divulgação)
(foto: divulgação)


Onde, até 4 meses atrás, se formavam montinhos de pessoas sentadas na grama no sábado à tarde para aplaudirem o pôr do sol, há 4 séculos, funcionava um imponente local de vigia para a entrada da Baía de Todos os Santos: o Forte de Santo Antônio da Barra.

Como Salvador era um dos principais portos do atlântico-sul e, por isso, demandava um sinal que orientasse os navegantes, o nosso atual Farol da Barra é o mais antigo das Américas, com sua primeira construção datada do ano de 1534. Não à toa, o bairro que cresceu em seu entorno é considerado um dos mais nobres da cidade. Hoje, ainda funciona como equipamento de sinalização, mas também abriga o museu náutico e é um dos locais mais emblemáticos de Salvador.

Shoppings (6,5%)
Aos que não veem a hora de abandonarem a dependência dos aplicativos de delivery e os preços dos fretes, está fazendo muita falta uma praça de alimentação lotada. Uma fila no MC Donald’s, uma ida ao provador antes de (não) comprar roupa ou só o ato de bater perna serão possíveis na primeira fase da abertura comercial, proposta pela prefeitura. Mas, fazer tudo isso sem o risco de pegar uma doença pandêmica é do que o jovem soteropolitano realmente sente falta durante o isolamento.

(foto: divulgação)
(foto: divulgação)

Pelourinho (5,4%)
Com seus Largos, Igrejas, Museus e Ateliês, o Centro Histórico carrega enorme bagagem histórico-cultural. Por isso, é reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1985.

(foto: divulgação)
(foto: divulgação)

O Pelourinho foi feito para ser a “cidade fortaleza” de Salvador, à época, capital do Brasil. Alto, bem localizado, próximo ao porto. Nem é preciso dizer que até o início do século XX, era o bairro da aristocracia, composta por senhores de engenho, clero – daí a quantidade de igrejas – e políticos – até hoje, abriga órgãos como a Câmara e a Prefeitura Municipal de Salvador. Seu nome, entretanto, não leva tanta grandeza consigo. “Pelourinho” é uma referência à coluna de pedra onde as pessoas escravizadas eram castigadas pelos senhores de engenho. Foram os descendentes dessas pessoas e demais setores marginalizados da sociedade que fizeram do bairro sua moradia a partir de 1960, quando a cidade passou a se expandir para além do Centro e até mesmo as autoridades o abandonaram.

Voltou a receber reformas na década de 90, após o reconhecimento da UNESCO, por ser uma alternativa para o turismo na capital. Hoje, embora ainda precise de reformas sociais, é um local agradável à visitação e, por isso, bem lembrado pelos jovens da cidade.

UFBA (3,2%)
Sim, a nossa querida UFBA também foi mencionada como espaço de diversão. Entre aulas e almoços no Restaurante Universitário, programas de extensão, grupos de pesquisa e descansos nos morrinhos da Praça das Artes, trocamos vivências, fazemos amizades e adquirimos nossas maiores experiências pessoais e coletivas. Durante o isolamento e sem previsão de volta às aulas presencial, há quem sinta falta até da fila de pagantes em dia de terça do RU.

(Foto: divulgação)
(Foto: divulgação)

 

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