Bahia promove o I Seminário Internacional Independência nas Américas

Na capital baiana, o Seminário ocorreu entre 30 de julho e 1 de agosto, entre o Complexo Cultural dos Barris e a Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A abertura aconteceu em Cachoeira, no dia 29 de julho, na UFRB. Mesas-temáticas, painéis, conferências, oficinas artísticas, leituras poéticas, exibição de vídeos e shows integraram a programação.

*Por Vanice da Mata

Pensar e dar visibilidade à Bahia como lugar central para a conquista, de fato, da Independência do Brasil, trazendo para a discussão fatos históricos relacionados a outros países do continente americano e estados brasileiros. Este foi o objetivo da Fundação Pedro Calmon (FPC) ao promover o I Seminário Internacional Independência nas Américas – 190 anos de Independência do Brasil na Bahia, que durante quatro dias movimentou as cidades de Cachoeira e Salvador. “Este Seminário vem de um crescendo de ações que tiveram sua origem ainda com Ubiratan Castro, quando presidente da FPC. Ele era um defensor do 2 de Julho como uma data importante em nível nacional. O projeto foi bastante ampliado e marca os 200 anos de independência das Américas e 190 anos de independência do Brasil, de forma a  descentralizar o debate, começando pelo lançamento da programação que aconteceu em 25 de junho, em Cachoeira”, explica Fátima Fróes, diretora geral da FPC.

A professora Wlamyra, da FFCH-UFBA. Foto: Lucas Caldas / Ascom FPC
A professora Wlamyra, da FFCH-UFBA.
Foto: Lucas Caldas / Ascom FPC

A professora doutora Wlamyra de Albuquerque, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da UFBA, palestrante da mesa temática “Conflitos políticos e manifestações culturais na Bahia dos séculos XIX e XX”, relatou um pouco do que encontrou em sua trajetória acadêmica, sempre interessada na relação entre história e cultura. “Quando comecei meu doutorado queria investigar algo diferente do 2 de Julho porque tinha começado meus estudos sobre o civismo festivo dos baianos ainda no século passado. Resolvi analisar a abolição, refletindo sobre cidadania negra, cultura e racialização”, contou ela. Quando pensou já estar livre dos grilhões dos ícones da Independência, “estava eu um dia pesquisando alguns documentos e me deparei com um em particular, assinado por libertos. O registro solicitava ao presidente da Província liberação dos carros do Caboclo e da Cabocla para fazerem parte do desfile pela abolição”, relatou a professora. Não lhe restou muito a fazer senão reconsiderar tão distinto casal em seu novo estudo.

Foto: Lucas Caldas | Ascom FPC
Foto: Lucas Caldas | Ascom FPC

Além da professora doutora Wlamyra de Albuquerque, a mesa-temática trouxe nomes como o do doutorando em História e professor da UFRB, Sergio Guerra Filho, do professor doutor em História Argemiro Ribeiro Filho, da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), e do PhD em História e professor-chefe do departamento de História e Ciência Política da Universidade de Calgary (Canadá) Hendrik Kraay, este encarregado de dividir com a professora da FFCH aspectos dos festejos do 2 de Julho nos anos posteriores à batalha, enquanto os dois primeiros abordaram  conflitos e disputas políticas na Bahia nos séculos XIX e XX.

Foto: Lucas Caldas | Ascom FPC
Foto: Lucas Caldas | Ascom FPC

No campo da batalha política, o 2 de Julho parece estar indo bem. A Presidência da República do Brasil sancionou no dia 5 de julho deste ano projeto que levou a data baiana à condição de efeméride nacional. Com isso a nação brasileira reconheceu, em lei, que a Independência da Bahia é um fato relevante a ser lembrado ou comemorado por todo o país, a cada segundo dia do sétimo mês do nosso calendário. Professor Ubiratan não viu isto acontecer em vida, mas certamente muito dele há nesta conquista.

 

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