Quer se atualizar? Projeto baiano mapeia dados do coronavírus no Brasil

Portal Geocovid-19 traz painel de dados com projeções para acompanhar e entender a disseminação do vírus no país

Por Laiz Menezes*

Os dados sobre a pandemia do coronavírus no Brasil mudam rapidamente. Dia a dia eles aumentam progressivamente e, com a atual mudança na divulgação das estatísticas por parte do Ministério da Saúde, o cidadão pode contar com mais uma ferramenta para se manter atualizado: o Geocovid-19.

O projeto é um painel de dados, gráficos e estatísticas que mostra um panorama dos casos da doença nos estados e municípios do Brasil. A plataforma serve para acompanhar e entender a disseminação do vírus no país, com dados científicos que fazem projeções e dão o histórico de contaminações. A ferramenta foi desenvolvida pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) em colaboração com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a startup de Inteligência em Dados e Geoinformação (Geodatin). O portal demonstra a importância da ciência nas instituições públicas de ensino, especialmente nesse momento de surto causado pelo coronavírus. 

Coordenador científico do projeto Geocovid-19, o professor de geotecnologias e de inovação da Uefs Washington Rocha conta que a ideia  de criar um monitor com mapas e dados georreferenciados dos casos de coronavírus nos estados da Bahia foi uma proposta da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), que contactou o Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente (PPGM), o qual ele faz parte. A partir disso, Rocha entrou em contato com especialistas  da própria universidade, e também da Uesc e da Ufba para a colaboração no desenho e aperfeiçoamento da iniciativa. Para a implementação da plataforma, eles contaram com a Geodatin, formada por egressos da Uefs que já tinham desenvolvido uma técnica parecida. Foi feita uma adaptação dessa  tecnologia para acompanhar os casos da doença no território baiano. Hoje, o portal já cobre todos os municípios do Brasil. 

A plataforma é operada a partir do trabalho voluntário dos integrantes e conta com a infraestrutura das universidades que o mantém. Cada estado ou município selecionado no mapa ou na caixa de busca, além de visualizar os dados mais recentes da Covid-19, atualiza um panorama de dados com informações e gráficos que mostram a evolução de algumas variáveis, como o quantitativo de óbitos. 

O professor afirma que a importância desse painel é grande por passar informações acessíveis a todos, obtidas por fontes confiáveis e estruturadas, bem como as estimativas,  geradas por modelos fundados em critérios científicos consolidados e, primordialmente, segundo Rocha, por ajudar os gestores a tomarem decisões fundadas em conhecimento. Na guia projeções, por exemplo, além da previsão de contágios em intervalos de cinco dias, pode-se obter ainda a estimativa de demandas de leitos hospitalares em enfermarias e em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). O portal já atingiu mais de 100 mil acessos, inclusive em outros países, e a visita via aparelhos móveis é a principal, mais de 60%. “Destaco que o projeto, em sua essência, reafirma o papel e a importância das universidades, sobretudo as públicas, na produção e difusão de conhecimentos que contribuem para o avanço da sociedade”, declara o coordenador. 

A professora da graduação e do mestrado da Uefs Joselisa Maria Chaves, atuante na coordenação de divulgação e discussões, que buscam colaborar nas trocas de informação em grupos de WhatsApp, afirmou que na ocasião do lançamento do portal, a Bahia tinha 176 casos confirmados da doença e dois óbitos. No final de março, quando ainda nem todos tinham noção exata da expansão da Covid-19, a plataforma gerava dados dos municípios baianos, com o intuito de disponibilizar essas informações para população e gestores. O aplicativo faz duas simulações em uma guia denominada Projeções, em que é possível saber a dimensão da doença de acordo com o modelo Geoespacial, desenvolvido por pesquisadores do projeto. Esse formato apresenta previsões que podem ser vistas em dois cenários: o primeiro é Sem Supressão de Fluxo, quando a população mantém a circulação normal dentro e entre as cidades, ou seja, locais onde não foi estabelecido o distanciamento social ou houve a sua flexibilização. A segunda é Com Supressão de Fluxo, quando as pessoas ficam em isolamento. 

No site do projeto consta que os índices do isolamento social foram obtidos por meio de parceria com a In Loco, grupo de tecnologia que fornece inteligência a partir de dados de localização. A empresa forneceu ao projeto Geocovid-19 um conjunto de conteúdos para mapear a efetividade das medidas de distanciamento e isolamento social. Já a fonte de informações que mantém o projeto são fornecidas pelo Brasil.IO, um repositório de dados públicos disponibilizados em formato acessível, a partir dos boletins divulgados diariamente pelas secretarias estaduais de saúde. 

Link do Portal do projeto, da empresa In Loco, do Brasil.IO e Geodatin:

https://www.inloco.com.br 

https://brasil.io/covid19/

https://www.instagram.com/geodatin/?hl=pt-br

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