Representações Regionais: o Ministério mais perto da cultura

Por Carla Letícia Oliveira

Você sabe o que é o Plano Nacional de Cultura, quais são os objetivos da Lei Cultura Viva ou em que consiste o projeto das Incubadoras Criativas? Essas são algumas das ações do Ministério da Cultura (MinC) que visam estimular e investir em todas as formas de manifestações culturais, desde as pequenas e, muitas vezes, invisíveis, às mais conhecidas e popularizadas. A Representação Regional Bahia e Sergipe é responsável pela aplicação e apoio a essas e outras ações nos dois estados, constituindo assim a presença ativa do MinC no cenário da cultura regional.

À frente da coordenadoria de editais da Regional está Cristina Llanos Cruz, também gerente de mobilização e chefe de serviço da Representação. Trabalhando há 10 anos na gestão de cultura para o governo, ela caracteriza o suporte dado pela divisão como imprescindível para o funcionamento das instâncias e projetos do Ministério em geral. Em entrevista à Agenda, realizada na sede da Regional, no Pelourinho, em Salvador, ela explicou o funcionamento do órgão e a rotina de trabalho, além dos objetivos e entraves das políticas de apoio à cultura em todo o país.

Agenda Arte e Cultura – A Representação Regional do MinC Bahia e Sergipe surgiu no mesmo período das outras Regionais? Qual foi o motivo de sua criação?

Cristina Llanos Cruz – As Representações surgiram como uma ação da política Cultura Viva, desenvolvida no governo do então Ministro Gilberto Gil. Sua ideia de implementação dos Do-ins antropológicos – metáfora baseada em uma tradição chinesa que representa os pontos de cultura  –  evoluiu até as representações por região, inicialmente, e depois por áreas menores. Isso foi feito para que as informações pudessem chegar mais perto das pessoas, para que o Ministério pudesse alcançar mais espaços e otimizar a aplicação de políticas nas regiões. As Representações são escritórios onde atendemos os produtores culturais, os artistas ainda desconhecidos e sem apoio… Buscamos, assim, estimular a produção de diferentes práticas culturais. Também trabalhamos com comunicação, comunicamos a nossa política, os editais, atuamos como mobilizadores. É como o escritório que sai de Brasília para chegar mais perto das pessoas. O que por vezes ainda não é o perto suficiente… O ideal seria uma [unidade de Representação] em cada capital brasileira.

Agenda – Por que o órgão abrange especificamente os Estados de Bahia e Sergipe?

Cristina – A Bahia é considerada um estado com grande protagonismo nas políticas culturais. Fomos o primeiro estado a fazer o plano estadual de cultura e sempre foi uma forte demanda da sociedade civil que houvesse suporte à cultura aqui. O que também era observado em Sergipe, estado com grande registro de produção cultural e fracas atividades de incentivo. Pela proximidade, são apenas três horas de viagem, e pelas parcerias formadas entre os dois estados, formou-se a Regional. Para sua consolidação é necessária muita parceria local.

Agenda – A Representação possui órgãos ou instituições parceiras na Bahia? Como ocorre essa relação?

Cristina – Sempre são buscadas parcerias com entidades públicas e algumas particulares no intuito de fortalecer as atividades e promover maior adesão de pessoas e divulgação dos trabalhos. Há o apoio mútuo entre nós e nossas parcerias, para a ampliação do alcance. A Secretaria de Cultura do Estado (Secult) e várias Fundações de amparo à cultura são alguns de nossos aliados na Bahia.

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Cristina Llanos Cruz. Fotos: Milena Abreu

Agenda – Quais são as atividades principais desenvolvidas pelo órgão?

Cristina – Nós não somos um órgão independente, não temos autonomia. Aqui nesse prédio temos o gabinete do ministro, onde ele realiza as atividades quando está em Salvador. Nosso número de funcionários é reduzido e possuímos poucos núcleos, exatamente por conta do aporte pequeno que nos é direcionado e para a otimização do trabalho. Temos os núcleos de administração, comunicação e mobilização, além da ação política, pois acreditamos que a cultura envolve também questões sociais, como violência, saúde, ciência… Nosso grande papel, em todos os âmbitos, é fazer a maior quantidade de informação possível chegar às pessoas. Trabalhamos com o público diretamente, no atendimento especializado e incentivo. Como sou artista e também produtora cultural, sei como essa atividade de apoio é importante.

Agenda – Quando a senhora começou a trabalhar na Representação Regional Bahia/Sergipe e qual sua principal atividade como gerente de mobilização?

Cristina – Trabalho há 10 anos com gestão cultural, tendo passado já algum tempo na Representação Nordeste e em outras atividades de mobilização. Aqui, na nossa Regional, trabalho com todas as políticas, no processo de difusão e capacitação. Como o nome do meu cargo sugere, eu mobilizo os meios de comunicação de modo a fazer com que a informação circule. Fazer com que saibam que os editais estão abertos, o que é necessário para se inscrever, etc.

Agenda – Merece destaque algum exemplo de implementação de política pública ou projeto na Bahia?

Cristina – Todas as políticas e editais que o Ministério propõe para a região recebem grande apoio e nos empenhamos para divulgá-las ao máximo para o público. A Incubadora Bahia Criativa é um ótimo exemplo. Inaugurada em setembro no Forte do Barbalho, aqui em Slavador, ela faz parte do projeto das Incubadoras Criativas, espaços onde o objetivo é prestar atendimento e estrutura ao artista que não possui recursos, incentivando ao máximo os pequenos produtores de cultura, já que consideramos que este é também um assunto social e econômico. Existe uma cadeia produtiva, uma economia da cultura que se consolidou ao longo dos anos, e estimular essa produção econômica é também contribuir para o crescimento do país.

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