Conheça quem são os atletas baianos que estão representando o estado nas Olimpíadas de Tóquio

A Agenda fez um perfil cheio de curiosidades para cada um dos dez atletas

que vão representar a Bahia do outro lado do mundo

Maysa Polcri

 

Depois do adiamento de um ano por causa da pandemia da covid-19, a Olimpíada de Tóquio finalmente começou. Apesar dos rígidos protocolos de segurança contra o vírus, o clima de insegurança está no ar, afinal, pelo menos 91 casos de infecção já foram confirmados pelo Comitê Olímpico Internacional. Mas, como em todo canto brota algum baiano, em meio às muitas máscaras, medidores de temperatura e garrafinhas de álcool em gel, estão dez atletas que vão lutar pelo seus lugares no pódio.

A Agenda traz perfil e curiosidades de cada um deles, para que você não tenha dúvidas para quem torcer na edição mais tumultuada da história olímpica. Tem Daniel Alves, como ator, jogador com nome de paisagem americana, cidade do Sul que tem a fama de formar profissionais da canoagem, atleta que foi suspensa por anos e até menção honrosa! Ficou curioso(a)? Então desce a tela e se prepara para torcer muito pelos representantes do nosso estado.

Formiga

Miraíldes Maciel Mota, a Formiga, recebeu o apelido famoso quando um torcedor a comparou com um inseto pelo jeito que corria e se espalhava pelo campo durante uma partida. As colegas do campo ouviram e logo o apelido pegou. Aos 43 anos, a meio-campista nascida no bairro do Lobato, periferia de Salvador, chega em Tóquio para disputar sua sétima olimpíada. Formiga é uma das três jogadoras brasileiras da seleção que possuem mais de 23 anos, como é permitido pelo Comitê Olímpico desde que os jogos foram disputados em Atlanta, em 1996.

Neste ano, a incansável e experiente Formiga luta pela primeira medalha de ouro da seleção feminina de futebol ao lado de outras nordestinas. Essa é a maior delegação com jogadoras da região em uma Olimpíada, são 6 no total.

Formiga
Formiga

Rafaelle Souza

É outra jogadora baiana experiente que reforça a seleção feminina de futebol. A zagueira nasceu em Cipó, mas foi cursar Engenharia Civil na UFBA, em Salvador. Com dificuldade para conciliar os estudos com o futebol, Rafaelle, 29, aceitou o convite para terminar o curso na Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, com bolsa para o esporte. Depois de passar um período jogando na China, Rafaelle voltou para o Brasil para integrar a equipe feminina do Palmeiras e, agora, busca em Tóquio seu primeiro ouro olímpico.

Rafaelle Souza
Rafaelle Souza

Daniel Alves

“Eu sou como o Benjamin Button”, brincou Daniel Alves em uma entrevista em Tóquio. O atleta fez referência ao personagem do conto de F. Scott Fitzgerald, interpretado no cinema por Brad Pitt, que nasce idoso e rejuvenesce com o passar dos anos. Assim como Formiga, o baiano de 38 anos preenche a cota de três jogadores mais velho da seleção. Nascido em Juazeiro, o jogador teve uma infância pobre em que passava a maior parte do tempo ajudando o pai no trabalho na roça. Sempre foi fã de futebol e improvisava bolas com sacos e meias. Por falar em improviso, Daniel Alves chegou a ser figurante num filme sobre a Guerra de Canudos em troca de uns trocados. Depois de passar por times da Itália, França e Alemanha, o meio-campista joga atualmente pelo São Paulo.

 

Isaquias Queiroz

A revelação da canoagem nos jogos de 2016, no Rio, Isaquias Queiroz desembarcou no Japão com a confiança de ser o único brasileiro a ter chegado ao pódio três vezes numa única edição olímpica. Mas, dessa vez, o baiano do sul do estado, chega com a sede de vencer seu primeiro ouro.

Isaquias tem 33 anos e é natural de Ubaitaba, sul do estado, que, além da cultura do cacau, possui como marca a relação cultural com a canoagem, tanto competitiva como enquanto meio de transporte. O nome da cidade, inclusive, significa algo como “Terra das Canoas”, em língua tupi. Não à toa, o atleta é o favorito para ir ao pódio nas duas categorias que irá competir, no C1 1000m e no C2 1000m.

 

Jacky Goodman

O estreante nos jogos olímpicos de 22 anos Jacky Goodman foi a grande surpresa da delegação brasileira de canoagem. Ao lado de Isaquias Queiroz, na prova em dupla de 1000 metros, o baiano de Itacaré vai substituir Erlon Souza, que competiu com Isaquias em 2016 e está afastado devido a uma lesão no quadril.

Para a dupla, o adiamento de um ano dessa edição pode ter sido um ponto positivo para que eles chegassem sintonizados aos jogos. Jacky e Isaquias fazem tudo juntos, correm, almoçam e carregam a canoa, tudo para garantir que a conexão entre eles garanta o ouro para o Brasil. Do que depender da torcida do Sul da Bahia, essa fábrica de talentos da canoagem, a dupla já tem lugar garantido no pódio.

 

Hebert Conceição

O soteropolitano Hebert Conceição entrou para a Academia Champion, comandada pelo famoso treinador Luiz Dórea, quando tinha 15 anos. Seu objetivo inicial na academia do bairro Cidade Nova era perder peso, mas o ambiente por onde passaram nomes como Popó despertou sua vontade de competir. O pugilista de 23 anos é uma das promessas do boxe nacional e já faturou medalhas nos Jogos Pan-Americanos e no Mundial, além de ter sido seis vezes campeão brasileiro. Estreante nas Olimpíadas, Hebert busca seu primeiro lugar no pódio na categoria peso-médio (até 75kg).

Hebert Conceição (Foto: Divulgação/Instagram)
Hebert Conceição (Foto: Divulgação/Instagram)

Bia Ferreira

Atleta do boxe favorita ao ouro olímpico na categoria peso-leve (até 60kg), Bia Ferreira, 28, nasceu no bairro de Nova Brasília, em Salvador, e possui o esporte no sangue. Filha do pugilista Raimundo Ferreira, conhecido como Sergipe e bicampeão brasileiro, Bia começou a treinar ainda criança no meio de lutadores homens.

Em 2008, o pai que, apesar da fama no mundo do boxe, enfrentava dificuldades financeiras, foi chamado para dar aulas em Minas Gerais e foi lá que Bia sofreu o maior revés de sua carreira. Em 2015, foi afastada do Campeonato Brasileiro depois de descobrirem que ela estava praticando muay thai, o que é proibido pelo regulamento, já que o atleta deve ser exclusivo do boxe. Levou uma suspensão de dois anos. Mas a persistência a levou a ser campeã mundial em sua categoria em 2019 e, agora, à Tóquio, em busca do ouro.

 

Keno Marley

O nome exótico do pugilista veio da admiração do seu irmão mais velho pelo cantor Bob Marley e da paisagem do Grand Canyon, nos Estados Unidos. Combinação que só poderia ter sido feita na Bahia, mais especificamente em Conceição de Almeida, no Recôncavo. Aos treze anos, o atleta que hoje tem 21, foi descoberto por um treinador que o recomendou ir morar em São Paulo, para ter mais chances de crescer na carreira. Keno se mudou sozinho, foi morar em um alojamento e começou a se destacar no esporte. Com 1.90m,  disputa o ouro na categoria meio-pesado, até 81 kg.

Keno Marley (Foto: Divulgação/Instagram)
Keno Marley (Foto: Divulgação/Instagram)

Breno Correia

O nadador soteropolitano começou a se destacar em 2018, quando participou do Troféu José Finkel e foi vice-campeão na prova dos 200m livre. Assim, garantiu seu espaço na equipe nacional e participou do Mundial na China. Lá, a carreira de Breno, de apenas 22 anos, decolou de vez. Estreante nas olimpíadas, o nadador já participou de mais de 50 competições, possui mais de 20 medalhas e pode surpreender em Tóquio.

 

Ana Marcela Cunha

Filha de pai nadador e mãe ginasta, Ana Marcela foi campeã do prêmio de melhor nadadora de águas abertas do mundo seis vezes. Com participação nas duas últimas olimpíadas, a nadadora é a favorita ao pódio na categoria que vai competir, 10 km feminino. Nascida em Salvador, Ana tem 30 anos e hoje é considerada uma das maiores nadadoras do mundo nesse tipo de competição.

Ana Marcela (Foto: Divulgação/Sátiro Sodré)
Ana Marcela (Foto: Divulgação/Sátiro Sodré)

 

Douglas Souza (menção honrosa)

Essa edição das olimpíadas mal começou, mas não dá para falar dela sem lembrar do ponteiro do vôlei Douglas Souza. Ele não é baiano, mas tem o alto astral da Bahia! De um dia para o outro – ou de uma noite para a outra, no fuso horário do Japão – o jogador estourou nas redes sociais. O motivo? Seus vídeos na Vila Olímpica, que o fizeram bater a marca de 1 milhão de seguidores no Instagram. Em vídeos bem humorados, o jogador que levanta a bandeira LGBTQIA+ já sambou em cima das camas de papelão, mostrou a dificuldade dos jogadores altos em usar o banheiro e dublou Pabllo Vittar. Paulista de 25 anos, Douglas Souza ganhou o ouro com a seleção em 2016 e busca mais um. Dessa vez, com uma torcida do tamanho do seu estrondoso sucesso.

Douglas Souza (Foto: Divulgação/Instagram)
Douglas Souza (Foto: Divulgação/Instagram)

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