Jornalistas e políticos discutem investigação sobre fake news em Salvador

Evento reuniu profissionais em comunicação e políticos baianos que integram a CPMI sobre Fake News  

Por Mariana Gomes

As fake news estão cada vez mais na boca do povo. Sejam as informações falsas espalhadas na Internet ou a discussão sobre os impactos na vida pública e democrática, é tema recorrente nas conversas do dia a dia. 

Tendo em vista a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que investiga a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições 2018, foi realizada na última sexta-feira (20) a palestra “Contra a pior fake news, o bom jornalismo”.

Participaram do debate o presidente da CPMI, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), a relatora, deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro. A atividade foi mediada pela diretora da Faculdade de Comunicação/UFBA (Facom), Suzana Barbosa. O evento foi uma parceria entre Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba), Facom/UFBA e ABI.

Desinformação
As fake news são comumente traduzidas como “notícias falsas”, mas apontam para um fenômeno maior. Segundo a Coalizão Direitos na Rede, articulação de mais de 35 organizações da sociedade civil que atuam em defesa de uma Internet livre, aberta e democrática, a desinformação pode ser compreendida como “a produção e a disseminação proposital e articulada de notícias falsas com o objetivo de provocar danos, bem como os impactos sobre a democracia e o debate público”.

Para discutir esse assunto através da propagação das fake news e as consequências desse processo à democracia e à categoria dos jornalistas, profissionais do jornalismo, políticos e pesquisadores em comunicação se encontraram ,na última sexta, em Salvador (BA), para debater sobre a atuação jornalística no cenário comunicacional atual.

Segundo Moacy Neves, presidente do Sinjorba, apesar de notícias falsas sempre existirem, elas nunca foram tão disseminadas e tiveram tanta influência na agenda política do país a partir do surgimento das redes sociais. Durante a eleição presidencial de 2018, com a polarização e o acirramento das disputas políticas, as fake news foram muito utilizadas.

“Empregada em alta escala as notícias falsas ameaçam a democracia do país, uma vez que interferem no acesso à informação como um direito do cidadão. Precisamos debater seus impactos, os meios para identificar e punir a indústria da fake news e, ainda, como nós jornalistas devemos agir para combatê-la”, afirmou o presidente do Sinjorba.

Suzana Barbosa, diretora da Facom, argumentou durante a palestra sobre a opinião pública nacional e de fora sobre o cenário das fake news.“Nesse momento, as fake news têm sido um tema que levanta discussões, preocupações e questionamentos, não apenas entre jornalistas, mas também nós professores e para todos os brasileiros e as brasileiras. O mundo também tem falado sobre o que  ocorreu no Brasil com relação às fake news e as eleições”, comenta a pesquisadora de jornalismo em redes digitais.

A professora também apontou dados sobre a forte presença dos brasileiros nas redes sociais e o papel da pesquisa realizada na universidade pública. “Isso nos traz especulações sobre o papel do jornalismo, questões sobre autoridade e qualidade do jornalismo. Nós da Universidade temos nos debruçado nesses assuntos, no caso da Facom, principalmente em temas como algoritmos e outras questões tecnológicas com influência direta no panorama atual”, defende.

Para além das fake news
Instalada no dia 4 deste mês, o requerimento para a criação da CPMI teve o apoio de 276 deputados e 48 senadores. Em um prazo de 180 dias, os 16 deputados e 16 senadores da Comissão Parlamentar investigam os ataques cibernéticos através da utilização de perfis falsos, como no caso das eleições 2018. 

Para além disso, a pasta discute medidas para a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores, como crianças, adolescentes e idosos, bem como o aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio. A CPMI tem prazo até o fim de deste ano, no dia 23 de dezembro, podendo ser prorrogado.

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